A Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF) realizou uma homenagem ao governo japonês pelos 40 anos de criação do Prodecer (Programa de Cooperação Técnica Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados), na manhã desta quinta-feira, 15, na Agrobrasília. O presidente, Leomar Cenci, entregou um álbum com fotografias históricas do programa ao embaixador do Japão no Brasil, Kunio Umeda, e ressaltou a importância dessa parceria para o fortalecimento da produção agrícola brasileira.
“O Prodecer é um projeto histórico e um dos de maior escala e sucesso realizados pelo governo japonês. Os Cerrados eram inférteis e hoje o Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de soja e milho do planeta. O Brasil contribui para a segurança alimentar do mundo com essas exportações. Saber que o Japão colaborou para isso me deixa muito feliz”, afirmou Umeda.
O ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli, chefe da pasta à época de implantação do Prodecer, participou da solenidade. Ele conta como a cooperação com o Japão possibilitou a continuidade do programa. “O Prodecer foi montado em 1974. Em 1980, os recursos brasileiros haviam se esgotado e o programa só não foi interrompido porque existia o governo japonês, cujo aporte de recursos e de assistência técnica foi permanente e deu ao projeto um sentido de continuidade, na gestão e na operação”. Paolinelli destaca outro aspecto da contribuição nipônica. “Em relação à cultura agrícola trazida pelos japoneses, eles foram os responsáveis pela chegada de conceitos como sustentabilidade, preservação dos recursos naturais, do manejo desses recursos sem destruir.”
Emiliano Botelho, presidente da Campo (Companhia de Promoção Agrícola), empresa coordenadora da implantação do Prodecer, relembrou o sucesso do programa e exaltou a relação amistosa entre Brasil e Japão. “Ficamos muito emocionados com tudo isso porque é uma história muito bonita. Nas relações internacionais dificilmente você vai encontrar um programa de cooperação entre dois países que teve mais de 20 anos de duração. O Prodecer teve 25 anos e conseguimos construir uma relação muito bonita na geração de alimentos”, comemorou. Com o Prodecer, foram implantados 21 projetos em sete estados brasileiros: Minas Gerais, Goiás, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Maranhão.
O produtor Arthur Kikuchi, de Campo Alegre (GO), um dos pioneiros do Prodecer, também participou da homenagem. Ele conta que a família já produzia, no norte do Paraná, mas que quando chegou ao Cerrado, se deparou com condições totalmente diferentes. “Solo, clima, tudo era bastante diferente. Além disso, não havia tecnologia ainda. O apoio financeiro e técnico dos governos e da Campo foi fundamental.” O programa realmente se mostrou eficiente na fixação dos produtores em suas propriedades. Kikuchi ainda está em atividade e espera ver filhos e netos dando continuidade à produção.
O representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil, Alan Bojanic, ressaltou o caráter técnico e não apenas financeiro da parceria entre Brasil e Japão. Segundo ele, ações como o Prodecer é que vão garantir a segurança alimentar no futuro. “Nossa principal preocupação é que todo o mundo tenha alimentos suficientes. Esse tipo de parceria, que tem dado certo, é fundamental para o futuro da alimentação no mundo. Estamos otimistas de que teremos alimentos graças às tecnologias desenvolvidas no Cerrado”.
Texto: Dâmares Vaz e Rafael Walendorff
Foto: Divulgação
Fonte: agrobraslilia.com.br